quinta-feira, 26 de junho de 2008

Good-bye passarelas - JUM NAKAO explica o seu último desfile


Na última terça-feira dia 24/06 a Faculdade AD1 juntamente com as Empresas de material de decoração e arquitetura DOCOL e SÂO GERALDO, houve a palestra sobre Moda e Arquitetura com o estilista e professor JUM NAKAO no espaço de eventos Brasil 21.
Uma palestra contemporânea ao gosto do estilista, onde os convidados sentavam-se serenos e obscuros ao som sombrio e frio, à luz negra e uma luz clara focada no palestrante.
A coleção “costura do invisível” lançada no SPFW de 2004 feitas de papéis com inspiração no século XIX estilizada no XX, tinha o objetivo de mostrar um ciclo de como fugir do mundo dos tecidos e buscar algo que sensibilizasse e surpreendesse o mundo. Foi um plano que deu certo depois de sua pós-saída do mundo fashion business. Ele criou um mundo composto por ilusão e prática.

A princípio, desconectar-se foram os seus objetivos principais. Encontrar uma idéia bruta, efêmera, sensível e que acabasse com o passar do tempo e com a leveza necessária para fazer a obra fluir, fez surgir a idéia da coleção. Toda inspiração veio de um caminho das fadas lúdicas por nuvens de papéis até que a tempestade chegasse, facilitaria a brincadeira com o trabalho e que o expectador se identificasse. As peças deveriam passar instantaneamente entre o passado e o futuro e um novo sentido ao consciente. Tudo isso daria muito trabalho!

Como fazer?

Gerar uma estratégia e conversar com os patrocinadores do evento de que seria um trabalho feito de celulose não foi muito fácil. Muitos nas reuniões achavam um absurdo e não apoiavam. Mas depois de insistir e recorrer a outras Empresas do gênero, ele obteve sucesso também com o patrocínio na Red Bull, pois a coleção mexia com a imaginação. Chegava a hora da equipe elaborar os papéis e fios para a grande surpresa que o diretor do São Paulo Fashion Week, Paulo Borges, trancava a sete chaves. Croquis, cortes e divisões de tarefas com os artesãos foi um trabalho e tanto. Todos não poderiam saber da grande surpresa final no desfile para não fazerem uma má colagem ou costura e estragar o marco da sua nova carreira. Para a mídia era passada uma coleção efêmera do século XIX e tudo branco.

O grande dia

No dia dezessete de julho de 2004, temporada primavera-verão no SPFW, estavam presentes 1200 convidados dentre editores de grandes revistas do Brasil e do mundo. Uma passarela de nuvens de papel com luzes vermelhas ainda não identificava a coleção invisível e todos estavam curiosos e ansiosos pelo desfile. Ele fez questão que houvesse atraso de uma hora para completar todo o seu trabalho consciente. Começa o desfile onde as modelos usavam o cabelo playmobíl e macacões preto de fio 90 abaixo, para aparecer bem os vestidos brancos por cima. Um choque e apreciação por todos! Uma verdadeira arte, mas até então ninguém imaginaria o porquê e para quem seria a coleção. Na entrada de todos os modelos no fim, surge a grande surpresa: Ao som tempestuoso as modelos destruíam os vestidos de papéis celebrando o momento. Todos ficaram perturbados e inacreditáveis pelo que viam, mas achando que não passava de uma arte espetacular. Mas era o fim da marca Jum Nakao das passarelas.
A repercussão foi parar em uma revista do Paquistão e na Grã-Bretanha e Paris intitulou como o desfile do século. Ele não teve mais tempo naquele dia onde a imprensa relutava para entrevistas. Um verdadeiro marco na semana de moda e que ficou autenticada no mundo.

Para Jum, a moda é hábito e modos de viver estão ligados à moda e design. Moda é hábito e hábito é moda. Moda não são apenas tecidos, não se veste apenas roupas e sim espaços. A sensibilidade e descobrir a leveza e se permitir mais do que você pode é importante para navegar nos oceanos de incertezas. O mundo não é estático. O caótico terminável foi a sua última obra.

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